Texto escrito pela #Adelina Dina Alves
e que representa o posicionamento das Adelinas-Coletivo Autônomo de Mulheres Pretas

Mais uma audiência sobre a execução de Luana Barbosa está se aproximando. Peço que colaborem com a rifa e com doações na conta bancária (informações disponíveis no final deste texto).
Aproveito para dizer que estamos cansadas. Falo de mim mesma, e peço licença para dizer do cansaço de algumas outras irmãs que estão na articulação dos movimentos que surgiram após a brutal execução de Luana, as Coletivas "Nenhuma Luana a menos" e "Luana Barbosa". Explico o cansaço - ou talvez não seja a palavra correta nesse momento ... Confesso que não estou preocupada com as palavras, minha letra aqui vem do coração - :
Após o assassinato de Luana, mulheres negras, maioria lésbicas, se articularam e fundaram as organizações políticas Nenhuma Luana a menos e Coletiva Luana Barbosa, para desenvolvimento de ações politicas e buscas de estratégias discursivas sobre genocídio e lesbocídio das mulheres negras. Temos, nesses anos, desde a execução de Luana, enfrentado os meandros burocráticos da justiça burguesa e se aproximado da família-vítima, além de desenvolver estratégias de sensibilizar parte do que se chama de “esquerda”, sobretudo setores feministas negro. Aqui mora meu cansaço, que não é apenas físico, mas um cansaço sobre expectativas que, no limite, se transformam em frustração.
Diversas foram as formas para angariar recursos para locação de transportes, comprar alimentação, água, fazer cartazes e tudo mais que é necessário numa organização militante. Nosso deslocamento é de São Paulo-SP a Ribeirão Preto-SP, e muitas manas tiraram dinheiro do aluguel para a locação do transporte, em uma das idas para a audiência, além de pedidos públicos nas redes sociais. Na última audiência do caso estavam lá duas ativistas. Apenas DUAS. Isso é inaceitável.
A postura de setores da “esquerda”, de grupos feministas, entre eles pessoas que se dizem porta voz do feminismo negro no Brasil, nos faz pensar e repensar sobre o lugar de fala de cada uma nessa travessia, que, por tantas vezes, é tão pesada e dolorida.
Entendo mesmo que no sistema capitalista muitas precisam subir. Daí entendo que muitas campanhas como “Ninguém solta a mão de ninguém” e “Uma sobe puxa a outra”, não faz qualquer sentido pra muitas pretas periféricas executadas nas periferias de cidades do Brasil. Entendo também que esse feminismo que se desenha com a re-atualição do sistema capitalista racial só serve mesmo apenas pra alguns subirem e transcender nesse sistema.
Há um cansaço em perceber como estas mesmas feministas (negras e brancas) esvaziaram de sentido político a execução de Marielle Franco.Usaram sua morte para auto promoção nas suas carreiras e projeção nacional.
Uma pergunta curiosa a fazer para estas pessoas seria: Porque a execução de Luana Barbosa (tão trágica quanto a de Marielle) não lhes comove? Será a classe social de Marielle?
Luana e Marielle, duas mulheres negras, lésbicas, mães, desafiaram o estado patriarcal e cisheteronormativo.
"Suas mortes são dois casos emblemáticos que representam como o sistema de segurança pública no Brasil elege/elegeu o corpo feminino negro como lócus da atuação estatal, ou em outras palavras, como as nações da diáspora negra elegem as mulheres negras como inimigas internas.
Nos dois casos estão evidentes a prevalência e gravidade da violência racista, de gênero, classista, lesbofóbica e transfóbica no Brasil. Por isso é inaceitável essa seletividade de classe, raça e territorialidade por setores da esquerda."
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COMO AJUDAR:
1. As articulações para angariar fundos são encabeçadas pela coletiva Luana Barbosa, que disponibiliza uma conta para depósito, na modalidade de Doação
Ag: 1449-4Conta corrente: 0047113-5
Bradesco
CPF: 374.185.078-01
Nome: Fernanda Gomes de Almeida
2.A outra é pensada pela União dos Coletivos Pan-Africanistas (UCPA) e o grupo Nenhuma Luana a Menos, que construíram uma rifa de R$ 5,00 para o sorteio das obras “Lélia Gonzalez: Primavera para as Rosas Negras” e “Beatriz Nascimento: Possibilidades nos dias da destruição”.
- RIFA:
Para participar da Rifa, entre em contato o telefone: (11) 99281 2163
Livros: “Lélia Gonzalez: Primavera para as rosas negras” e “Beatriz Nascimento: Possibilidade nos dias da destruição”
Valor: R$ 5,00
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