quarta-feira, 14 de agosto de 2019

AJUDA: Tamilis na graduação


O Coletivo Adelinas está ajudando na divulgação do pedido da mana Tamilis. Ela está prestes a se formar em Ciências Sociais na UEMS- Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, mas está sem recursos para manter-se nesta reta final. 


Vamos ajudar esta mana preta a terminar a graduação.

Abaixo consta a mensagem da Tamilis e os dados bancários para quem puder ajudá-la.




"Salve galera!

 Meu nome é Tamilis, sou cria de POÁ, extremo leste de São Paulo. Mas atualmente moro em Paranaiba- Mato Grosso do Sul, e estou cursando Ciências Sociais na UEMS- Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. Vim para cá de mala e cuia com 800 reais no bolso para realizar o meu ingresso na tão sonhada universidade pública. Vim parar tão longe pois minha nota não era boa o suficiente para entrar nas públicas de São Paulo, e o que vem me ajudando a me manter aqui até então são as bolsas de estudo. Nos dois primeiros anos consegui entrar no Programa de bolsas de iniciação a docencia o PIBID, no qual cumpri estagio, recebendo o valor de 400 reais todo mês, para pagar aluguel, alimentação e contas. O programa acabou e fiquei um tempo sem conseguir ser beneficiado por outro edital de bolsas, foi quando compartilhei isso com o coletivo de mulheres negras do qual faço parte o coletivo Adelinas que me ajudaram muito tanto emocionalmente como financeiramente.

 Tive a oportunidade de realizar um projeto de iniciação científica, do qual pude me dedicar afinco, e também do qual me fornecia uma bolsa que me ajudou durante esse um ano de pesquisa. A bolsa encerrou e agora estou sem renda, me inscrevi nos outros editais de auxilio permanência da UEMS, mas a única bolsa que consegui foi uma no valor de 150 reais que mal paga minha alimentação.
 Sou artesã, e estou buscando realizar alguns trabalhos artesanais para conseguir grana, mas creio que não será o suficiente, o lucro que tenho geralmente com artesanatos não é muito alto. As pessoas não valorizam muito.

 Sou estudante, trabalhadora, preta e suburbana e compreendo o que é manter uma vida com menos de um salário mínimo pra pagar aluguel; alimentação e higiene; agua e luz. Consegui o acesso a universidade pública, mas venho passando diariamente pelos desafios da permanência. As bolsas que na real servem como incentivo a pesquisa sempre foram usadas por mim como auxilio permanência, e isso demonstra a precarização da educação que cada vez mais vem se demonstrando no país.
 Faltam pouco mais que 3 meses para eu conseguir me formar e é por isso que trago isso a público, como um pedido de ajuda, pois, não quero encerrar esse ciclo agora, já que falta tão pouco.
Vou deixar a minha conta, e qualquer valor depositado já vai ajudar muito. E para quem não puder ajudar financeiramente, se puder compartilhar já vai ser incrível, ficarei muito grata.
 

Obrigada!"


Dados bancários:
Tamilis Gabrielly de Souza
Banco do Brasil
Ag: 0484-7
C. Corrente: 34.560-1
CPF 440397828-28

domingo, 4 de agosto de 2019

NOTA DE REPÚDIO


Nós, do Coletivo Autônomo de Mulheres Pretas – ADELINAS –, da grande São Paulo, formado em julho de 2015 por mulheres pretas e por elas representado por meio de seus fenótipos negros: tonalidades de pele, texturas de cabelos, diferentes corpos, experiências comuns de resistências e opressões históricas, somadas às diversidades, às subjetividades e às  especificidades do que é ser Mulher Negra no sistema capitalista, vimos a público REPUDIAR as declarações da filósofa Djamila Ribeiro nos vídeos publicados em seu stories, nas redes sociais, no dia 25 de maio de 2019,  em flagrante ultraje contra a ativista de direitos humanos, Dina Alves, denominando-a de “dinossauro”, de “coisa”, de “pessoa problemática”. 

As narrativas expostas nos vídeos se orientam por um discurso que associa a mulher negra à figura de um animal – no caso, um dinossauro – , relacionado a elementos patologizantes e sustentado na ideia de que a mulher não apresenta condições para ser considerada humana, mas a uma coisa ou à histórica criminalização da mulher como “histérica e problemática”. Os vídeos propagados e a maledicente comparação a um animal alastram representações negativas associadas ao corpo negro. Os movimentos feministas, especialmente o movimento de mulheres negras, dedicou muita vida e sangue na luta contra a animalização e objetificação das mulheres negras. Afinal, essa é uma incansável luta que começou com nossas ancestrais. Além disso, o movimento de mulheres negras luta para ressignificar os estereótipos a partir da autodefinição e valorização, positivando, inclusive, o adjetivo “negras”, que passou a identificar as mulheres negras a um sujeito político e com uma agenda própria.

  muito as mulheres negras são as principais vítimas do sistema capitalista e do Estado. Vivemos num contexto em que somos intensamente golpeadas, afrontadas, ultrajadas pelo racismo, pelo sexismo, pelo patriarcado. Em sociedades racializadas e hierarquizadas por classe, raça, gênero e sexualidade não surpreende assistirmos aos discursos com olhar coisificado sobre nossos corpos, o que contribui para a manutenção de relações hegemônicas e da naturalização das violências: doméstica, obstétrica, da cultura do estupro, das alarmantes taxas de feminicídio (acentuadas pela vitória de Jair Bolsonaro), da criminalização da maternidade negra, das dinâmicas de punição, estigmatização, assassinatos provocados por milícias e agentes de segurança pública e pela existência de um padrão generalizado de vulnerabilidades no acesso a saúde, habitação, mercado de trabalho, terra,  bens materiais e culturais.

A construção de estereótipos relacionados a animais faz parte de práticas históricas de representações de identidades para simplificar, anular e desumanizar nossa condição de seres humanos. A desumanização abre portas à animalização. Um processo que, sem dúvidas, foi (e é) um instrumento de opressão e dominação de raça visando a manutenção da ordem e dos privilégios das classes dominantes que se perpetuam no poder até hoje. O tráfico transatlântico de escravos tinha como pressuposto transformar negros e negras em coisas, objetos, seres sem alma, animais. Não é de hoje que se comprova os malefícios dessas construções de estereótipos racistas ao longo da nossa história e na formação da nossa identidade e subjetividades. Exemplos não nos faltam: Bertoleza, personagem de Aloizio de Azevedo, comparada a uma anta; os corriqueiros termos pejorativos de “macacas”, a criminalização da maternidade negra com o ditado popular “negra é como coelho: só dá cria”.

Acreditamos no projeto político que une a luta antirracista/anticapitalista. Sabemos que ativistas autônomas e independentes são perseguidas por suas pautas radicais na construção de uma sociedade questionadora de projetos políticos neoliberais e capitalistas. Nossa pauta tem sido a emancipação das mulheres negras a partir delas mesmas. Somos plurais, assim como nossas vivências, dores e sorrisos. Nossa militância é periférica, espaço onde a bala chega mais rápido e aumenta as estatísticas de violências, opressões, desigualdades. Entendemos que o projeto político do feminismo negro se desenha nas mais diversas formas. Logo, as discordâncias políticas constituem o oxigênio do diálogo e do bem viver.

É importante ressaltar que o Coletivo Adelinas nasceu dessas pautas. E é por isso que todas nós nos sentimos atingidas pela disseminação de ódio e de estereótipos criminalizadores e criminalizantes perpetrados contra uma de nossas membras cofundadoras. Reproduzir estereótipos contra mulheres negras é a explícita manifestação de reprodução do racismo, do sexismo, do genocídio contra todas nós que lutamos incansável e tenazmente pelo fim desse ciclo de violência de gênero, raça, sexualidade, classe, território, espacialidade. É dessa forma que declaramos publicamente apoio incondicional à nossa irmã Dina Alves: mulher, preta, advogada, nordestina, retirante que luta contra o terrorismo do Estado e que, desde 2018, tem recebido ameaças de policiais em decorrência de sua luta e exposição na defesa intransigente dos Direitos Humanos das mulheres negras.



#ForaBolsonaro

#ForaMoro

#NãoSomosDinossauros

#AdelinaPresente

#MariellePresente

#SomosmulheresNegrasMerecemosRespeito



Coletivo Adelinas,

Julho de 2019

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Quantas Luanas o seu Feminismo Contempla?

Quantas Luanas o seu Feminismo Contempla?

Texto escrito pela #Adelina Dina Alves 
e que representa o posicionamento das Adelinas-Coletivo Autônomo de Mulheres Pretas

"Forma um blocão por noiz aê

        Mais uma audiência sobre a execução de Luana Barbosa está se aproximando. Peço que colaborem com a rifa e com doações na conta bancária (informações disponíveis no final deste texto).
Aproveito para dizer que estamos cansadas. Falo de mim mesma, e peço licença para dizer do cansaço de algumas outras irmãs que estão na articulação dos movimentos que surgiram após a brutal execução de Luana, as Coletivas "Nenhuma Luana a menos" e "Luana Barbosa". Explico o cansaço  - ou talvez não seja a palavra correta nesse momento ... Confesso que não estou preocupada com as palavras,  minha letra aqui vem do coração - :

    Após o assassinato de Luana, mulheres negras, maioria lésbicas, se articularam e fundaram as organizações políticas Nenhuma Luana a menos e Coletiva Luana Barbosa,  para desenvolvimento de ações politicas e buscas de estratégias discursivas sobre genocídio e lesbocídio das mulheres negras. Temos, nesses anos, desde a execução de Luana, enfrentado os meandros burocráticos da justiça burguesa e se aproximado da família-vítima, além de desenvolver estratégias de sensibilizar parte do que se chama de “esquerda”, sobretudo setores feministas negro. Aqui mora meu cansaço, que não é apenas físico, mas um cansaço sobre expectativas que, no limite, se transformam em frustração.

  Diversas foram as formas para angariar recursos para locação de transportes, comprar alimentação, água, fazer cartazes e tudo mais que é necessário numa organização militante.  Nosso deslocamento é de São Paulo-SP a Ribeirão Preto-SP, e muitas manas tiraram dinheiro do aluguel para a locação do transporte, em uma das idas para a audiência, além de pedidos públicos nas redes sociais. Na última audiência do caso estavam lá duas ativistas. Apenas DUAS. Isso é inaceitável.

   A postura de setores da “esquerda”, de grupos feministas, entre eles pessoas que se dizem porta voz do feminismo negro no Brasil, nos faz pensar e repensar sobre o lugar de fala de cada uma nessa travessia, que, por tantas vezes, é tão pesada e dolorida.

 Entendo mesmo que no sistema capitalista muitas precisam subir. Daí entendo que muitas campanhas como “Ninguém solta a mão de ninguém” e “Uma sobe puxa a outra”, não faz qualquer sentido pra muitas pretas periféricas executadas nas periferias de cidades do Brasil. Entendo também que esse feminismo que se desenha com a re-atualição do sistema capitalista racial só serve mesmo apenas pra alguns subirem e transcender nesse sistema.


     Há um cansaço em perceber como estas mesmas feministas (negras e brancas)  esvaziaram de sentido político a execução de Marielle Franco.Usaram sua morte para auto promoção nas suas carreiras e projeção nacional.


Uma pergunta curiosa a fazer para estas pessoas seria: Porque a execução de Luana Barbosa (tão trágica quanto a de Marielle) não lhes comove?  Será a classe social de Marielle?


Luana e Marielle, duas mulheres negras, lésbicas, mães, desafiaram o estado patriarcal e cisheteronormativo. 

"Suas mortes são dois casos emblemáticos que representam como o sistema de segurança pública no Brasil elege/elegeu o corpo feminino negro como lócus da atuação estatal, ou em outras palavras, como as nações da diáspora negra elegem as mulheres negras como inimigas internas.


   Nos dois casos estão evidentes a prevalência e gravidade da violência racista, de gênero, classista, lesbofóbica e transfóbica no Brasil. Por isso é inaceitável essa seletividade de classe, raça e territorialidade por setores da esquerda."

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COMO AJUDAR:

1. As articulações para angariar fundos são encabeçadas pela coletiva Luana Barbosa, que disponibiliza uma conta para depósito, na modalidade de Doação

Ag: 1449-4
Conta corrente: 0047113-5
Bradesco
CPF: 374.185.078-01
Nome: Fernanda Gomes de Almeida

2.A outra é pensada pela União dos Coletivos Pan-Africanistas (UCPA) e o grupo Nenhuma Luana a Menos, que construíram uma rifa de R$ 5,00 para o sorteio das obras “Lélia Gonzalez: Primavera para as Rosas Negras” e “Beatriz Nascimento: Possibilidades nos dias da destruição”.

- RIFA:
Para participar da Rifa, entre em contato o telefone: (11) 99281 2163
Livros: “Lélia Gonzalez: Primavera para as rosas negras” e “Beatriz Nascimento: Possibilidade nos dias da destruição”
Valor: R$ 5,00
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